Solenidade de Todos os Santos – Ir. Margarida Félix

A MULTIDÃO
QUEM SÃO? E DE ONDE VIERAM?

Celebramos hoje a Solenidade de Todos os Santos, esta multidão de homens e mulheres de todos os tempos, condição, raça e cultura, os quais foram e são evangelhos vivos que, a cada dia, dizem sim à vida, à esta vocação comum: viver, ser homem e mulher à imagem e semelhança de Deus, a marca que nos garante a pertença a Ele.

Na primeira leitura retirada do livro do Apocalipse, João nos introduz numa maravilhosa contemplação. Ele vê um anjo que trazia a marca de Deus para marcar a fronte dos seus servos. O objetivo era preservar os eleitos da destruição, em outras palavras, evitar que fossem alcançados pelo mal.

O vidente do Apocalipse nos conta que o primeiro grupo dos que foram marcados eram cento e quarenta e quatro mil e estes eram os que pertenciam às doze tribos de Israel. Vale salientar que as cifras na Sagrada Escritura, em especial no Apocalipse, não equivalem a um mero valor numérico, mas são simbólicos, de modo que este número representa todas as tribos de Israel.

Mas a visão de João continua. O número dos marcados com a marca de Deus supera qualquer cifra, seja ela numérica ou simbólica, de fato, o vidente nos faz contemplar juntamente com ele «uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão» (Ap 7,9). Ali, diante do trono e do Cordeiro eles proclamavam a maior verdade que pode brotar de um coração que busca e encontra Deus: «A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro» (Ap 7,10).

Se a salvação pertence ao nosso Deus e se nós cremos n’Ele, por que muitas vezes impomos limites para nós mesmos e para os outros? É o Sangue de Jesus que lava e purifica nossas vestes. A salvação de Deus não conhece limites nem froteiras, é para uma multidão imensa, todas as nacões, tribos, povos e línguas. A salvação do nosso Deus é para uma multidão que não cabe na aritmética: «ninguém podia contar». Cabe todo mundo! Eu, você, sua família, seu vizinho, a pessoa chata do grupo, seu amigo e também o seu inimigo… Todos! Ninguém fica de fora! Ele quer que todos estejamos de pé diante do Seu trono.

Sim, a visão escatológica do Apocalipse nos emociona, nos transporta a um futuro que certamente ansiamos chegar. Mas o vidente apocalíptico nos traz de volta ao presente, ao hoje da história. «Quem são esses vestidos com roupas brancas?”. De onde vieram?… Esses são os que vieram da grande tribulação…» (Ap 7,13-14).

No Evangelho, Mateus apresenta também uma multidão reunida ao redor de Jesus: pobres, aflitos, famintos, sedentos, perseguidos, porém mansos, misericordiosos, puros de coração, promotores de paz. Esta é a multidão que, pelos méritos do Sangue do Cordeiro, vence toda tribulação e lava n’Ele suas vestes e, portanto, digna de permanecer de pé diante do trono de Deus para glorificá-lo. Para estes se realiza a salvação de Deus, pois essa é gratuita e livre de imposições mesquinhas. Como diz São João na segunda leitura: «Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!».

Que Deus nos abençoe e nos conceda um coração aberto para acolher a salvação e partilhar com os demais. Nossa vocação é a santidade! Sejamos santos.

Ir. Margarida Félix, mestra em Teologia Bíblica.

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